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Há um ano, Volta Redonda registrava a 1ª morte por Covid-19
21/03/2021 07:11:23Há exatamente um ano, em 21 de março de 2020, Volta Redonda registrava a primeira morte de um de seus moradores causada pelo novo coronavírus: um idoso de 66 anos, que estava internado no Hospital São João Batista. A confirmação de que se tratava de Covid-19, porém, só viria seis dias depois, quando também já havia falecido, no mesmo hospital e também infectada, a irmã dele, de 67 anos. A causa da morte só foi confirmada no dia 2 de abril.
Os dois óbitos ocorreram num espaço de dois dias. Os irmãos haviam passado o Carnaval no interior de Minas Gerais. Naquele mês de março, a infecção causou seis mortes em Volta Redonda, e apenas três meses depois, em junho, chegou a 70 o número de pessoas que perderam a batalha para o vírus.
Desde então, a Covid-19 ceifou nada menos que 508 vidas entre o primeiro caso, em março do ano passado, e 19 de março deste ano, embora a Secretaria Municipal de Saúde informe 498. A diferença se explica porque a cidade só confirma os casos após a notificação oficial, com nomes e idades dos pacientes.
Dados da Secretaria estadual de Saúde apontam que entre 21 de março de 2020 e 28 de fevereiro de 2021 o mês de dezembro foi o mais letal, com 98 óbitos na cidade provocados pelo vírus. Coincidência ou não, o maior número de mortes se deu após o período de campanha e eleição de prefeito e vereadores. No mesmo período, o mês de setembro foi o que teve o menor número de casos fatais: 20.
A chegada do vírus à região e, principalmente, a Volta Redonda, provocou uma série de medidas do poder público na tentativa de conter a sua propagação. Uma delas foi o fechamento do comércio, com apenas os serviços essenciais podendo funcionar. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) entrou com uma ação contra o município para fechar serviços não essenciais. A Justiça aceitou as argumentações e somente através de um acordo fixando limites, como ocupação de leitos e notificações de casos suspeitos, proposto pelo então prefeito Samuca Silva, foi possível retornar, gradativamente, com as atividades econômicas.
A medida extrema, como era de se esperar, provocou polêmica devido aos reflexos na economia – debate que, passado um ano, ainda não arrefeceu. Em julho, repercutiu a frase de Samuca ao rebater críticas dos empresários ao fechamento do comércio: “Quem fecha a economia não é o prefeito, é o vírus”.
2ª ONDA - As festas de Natal, réveillon e o Carnaval deste ano, mesmo com todas as recomendações médicas para se manter o isolamento social, são apontados pela linha de frente de combate ao coronavírus como a causa da segunda onda de Covid-19 que o país está vivendo – e não está sendo diferente em Volta Redonda. O temor de um colapso na capacidade de atendimento da rede hospitalar deixou de ser apenas uma possibilidade para se tornar realidade.
No ano passado, a prefeitura chegou a montar um Hospital de Campanha no Estádio Raulino de Oliveira e transformou o Hospital do Idoso, montado em instalações do desativado Hospital São Camilo, na Vila, em pontos de reforço para internação de pacientes com Covid-19. Ambos, no entanto, foram desmobilizados entre setembro e outubro, gerando críticas do atual prefeito, Antônio Francisco Neto, ao governo que o antecedeu.
“O Hospital de Campanha montado no Estádio da Cidadania custou R$ 1,6 milhão e foi útil em algum momento, mas proporcionalmente ao que foi investido se mostrou um desperdício de recursos e esforços. Como praticamente toda a estrutura foi alugada, não ficou nada de legado para a população após a desmobilização”, disse ele ao Diário do Vale, criticando também o Hospital do Idoso: “Essa foi outra ação inexplicável do ponto de vista estratégico. Em novembro [antes dele tomar posse], retomamos as obras no anexo do Hospital do Retiro com apoio da sociedade. O que gastaram em aluguel neste Hospital do Idoso teria terminado aquela obra e ainda equipado os leitos. Alugaram um prédio particular, desmobilizaram e de legado ficou uma dívida de aluguel”, afirmou o prefeito.
TRATAMENTO PRECOCE – Em meio à discussão política sobre o combate à Covid-19, em Volta Redonda também há lugar também para o tratamento precoce – outro assunto polêmico. Em julho do ano passado, a prefeitura de Volta Redonda adotou um chamado “protocolo de segurança” sugerido pelo infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Edmilson Migowski, receitando a Nitazoxanida para pacientes com sintomas leves da doença. O procedimento foi suspenso pelo atual governo municipal, após o próprio Ministério da Saúde reconhecer, ainda que a contragosto, que não havia qualquer comprovação da eficácia da iniciativa. A UFRJ, por sua vez, se posicionou – em correspondência encaminhada à prefeitura de Piraí – afirmando que o convênio assinado com a prefeitura de Volta Redonda, tendo Migowski à frente, não previa tal protocolo.
A esperança da população e das autoridades está na vacinação, que ainda está em ritmo lento. Todos sonham com a volta ao normal, ainda que ninguém saiba aponta quando isso, de fato, vai acontecer.