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Meio Ambiente
por: Adaucto Lima Neves
Cuidado com a eletricidade estática
06/01/2016 08:38
Uma carreta de gás que abastecia vasilhames para uso doméstico, na Nigéria, pegou fogo e matou pelo menos 100 pessoas que estavam no entorno. Correr não dava tempo. Rapidez é o que o ser humano não tem. Somos muito vagarosos, até para aprender com os nossos erros.
Quando se trata de emergência, então, fica ainda mais difícil, pois não fomos feitos para a velocidade. A tarefa de correr exige preparo, conhecimento e treinamento. Tudo o que fazemos exige conhecimento e muita atenção. Não é diferente no processo de abastecimento ou carregamento/descarregamento de combustível, principalmente líquido. São necessários vários cuidados.
Um automóvel que está em movimento adquire carga elétrica, chamada eletricidade estática, proporcionada pelo atrito do vento com a carroceria/lataria. A eletricidade acumulada armazena-se na carcaça do veículo quando ele para, "esperando" a hora de procurar um caminho para a terra. A fuga da corrente elétrica para o chão provoca centelhas que não são percebidas pelo olho humano. São os elétrons em movimento.
Infelizmente, o combustível que está evaporando na realização de um trabalho de abastecimento "percebe" esta oportunidade e ...buuum! Já era o veículo que foi adquirido com muito trabalho e suor, além de perdas de vidas que estavam ao redor. O combustível que evapora se torna um gás altamente inflamável e basta a presença do oxigênio, abundante na natureza, para completar o ciclo que provoca incêndio. A fagulha/faísca provocada pela descarga elétrica acumulada na carcaça do automóvel é o fator de ignição (que aciona a explosão).
É bom saber que os combustíveis liberam vapores em temperatura ambiente e são esses gases que fazem o combustível pegar fogo. Calor, comburente e combustível, juntos, são fatores de possíveis incêndios.
Outro problema também muito comum: passageiros de veículos de passeio saem ou entram no automóvel quando o frentista completa o tanque. Esse movimento pode atritar/friccionar o banco ou a carcaça que promove uma carga elétrica. É liberada aquela faísca invisível a olho nu que pode provocar a centelha, bastando apenas ter vapores para que o incêndio se inicie. Resumindo: faísca é o calor, oxigênio é o comburente, gasolina ou álcool é o combustível.
Temos também no Brasil o GNV (Gás Natural Veicular) que também pega fogo, basta a fagulha proporcionada pela corrente elétrica ser motivada pela fricção. Em veículos maiores, que são usados para transportes de cargas, há o cabo terra que tem que ser usado (veja bem, tem que ser usado, não é opcional) sempre em descarregamento/carregamento de combustível.
Portanto, quando você for abastecer, nunca saia ou entre de seu veículo e nem deixe ninguém entrar/sair dele. Esse procedimento pode transformar sua inocente ação numa bomba relógio que ocorre em milionésimos de segundos.
Será que o acidente da Nigéria foi causado por negligência ou imperícia do condutor ou esquecimento de algum procedimento? Isso não saberemos porque, provavelmente, esse profissional também perdeu a vida.
Tenha muito cuidado. Dirigir e abastecer são tarefas extremamente perigosas, muito mais do que parecem. Ainda está em tempo e desejamos a todos feliz 2016.
Adaucto Lima Neves é professor e ex-secretário de Meio Ambiente de Barra Mansa e escreve às quartas-feiras
E-mail: adauctoneves@gmail.com