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por: Fernando Pedrosa
Drable repete Jonas Marins
14/07/2020 18:46
A vida é longa e cheia de curvas. Em Barra Mansa, no entanto, as curvas mais perigosas parecem bem próximas uma da outra.
O afastamento de Rodrigo Drable do cargo de prefeito, determinado pela Justiça a pedido do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, repete o que ocorreu com Jonas Marins, que o antecedeu na prefeitura. Mas o episódio vai além disso: coincidentemente, como aconteceu com Jonas, ocorreu no meio do ano e justamente em ano eleitoral.
Reviravolta
Resta saber se os acontecimentos desta terça-feira (14) vão ter para Drable os mesmos desdobramentos que o afastamento, em 1º de junho de 2016, tiveram para Jonas. O ex-prefeito até conseguiu uma decisão judicial para voltar ao cargo, mas retornou politicamente morto.
Jonas era candidato à reeleição e desistiu da disputa. Quem foi para o sacrifício naquela eleição? O então vereador Ueslei da Farmácia, que, tentando descolar a imagem da do prefeito, disse em entrevista coletiva: “Jonas é Jonas, Ueslei é Ueslei”.
O eleitorado não entendeu assim. Com 4,55% dos votos, Ueslei ficou em último entre os seis candidatos, sendo menos votado até do que J.Chagas, que concorreu pelo PSL, e Professora Clarice, do PT.
Polvorosa
Por isso, ainda nesta terça-feira em Barra Mansa já havia um rebuliço no grupo de apoio de Rodrigo Drable. Alguns políticos consideram que sua candidatura à reeleição levou um tiro de canhão com a operação do MPRJ e da Polícia Civil. Mas ainda há os, poucos, que defendem manter a candidatura do prefeito, sobretudo se ele conseguir retornar ao cargo. Por sinal, fontes da coluna informaram que o prefeito – que chegou a ser preso por posse ilegal de arma encontrada em sua residência e por isso pagou fiança – passou o dia no Rio tentando reverter o afastamento.
Ainda assim, estes consideram que vai ser difícil Drable fazer campanha tendo que se defender da acusação de corrupção e organização criminosa que lhe faz o MPRJ, com base na denúncia do vereador Gilmar Lelis.
Por outro lado, o grupo que considera a candidatura agora inviável já discute nomes. Um deles, apurado pela coluna, é o do ex-secretário de Ordem Pública Luiz Furlani, que fez um bom trabalho na pasta e ganhou visibilidade no período inicial da pandemia de Covid-19.
Resta saber se o ex-secretário toparia a missão. É de se supor que ele dizer “Rodrigo é Rodrigo, Furlani é Furlani” tem alta chance de não colar.
Recordar é...
Os petistas de Barra Mansa usaram as redes sociais para dar o troco em Rodrigo Drable e no vereador Zélio Show, afastado do cargo assim como o presidente da Câmara, Paulo Chuchu. Recuperaram publicações do prefeito e do vereador com críticas ao PT.
Na campanha presidencial de 2018, Drable – que apoiou Jair Bolsonaro – publicou numa rede social uma mensagem finalizada com “PTralhas nunca mais”.
Em maio do ano passado, Zélio Show, também apoiador de Bolsonaro, publicou convocação para uma manifestação em favor do presidente atacando o PT. Na chamada, chegou a dizer que "petista merece uma carteira de trabalho e que a manifestação mostraria como os cidadãos trabalhadores e honestos se mobilizam".
Pois é...A vida é longa e cheia de curvas.